quinta-feira, 9 de julho de 2009

Estado da Nação

Bom, depois de quatro anos de governo socialista é preciso fazer o balanço.
Na minha opinião creio que alguma coisa boa foi feita, mas creio que o balanço é negativo. Em certas áreas chaves o governo falhou.
Começando pelo que acho mais positivo, desde logo salta o investimento nas energias renováveis. Face ao investimento feito pelo governo, Portugal é hoje um país quase na linha da frente quanto às energias renováveis. Não nos podemos esquecer que Portugal tem condições únicas para o desenvolvimento de este tipos de energias, especialmente quanto à energia solar e energia que advém das marés e da força das ondas, que é chamada energia maremotriz.
Outro ponto positivo foi o facto de os idosos carenciados passarem a ter os genéricos comparticipados a 100% pelo Estado, sem dúvida uma medida com um grande impacto social positivo.
Por fim, temos a lei anti-tabaco, que, embora numa fase inicial tenha sido contestada, sem dúvida que introduziu um grande avanço ao nível da saúde pública, que tanto fumadores, como não fumadores beneficiam.
Estas são em termos gerais as coisas positivas feitas por este governo, embora, com justiça, poderíamos referir também como positiva (embora com algumas criticas) o programas novas oportunidades e o plano tecnológico.
Agora temos o lado negativo.
O facto de o governo ter feito melhoramentos em algumas áreas, não apaga a má prestação em áreas nucleares.
Na educação creio que quase não preciso de comentar. Não soube manter empatia com uma classe inteira, muito importante na sociedade portuguesa, não é que eu não concorde com a avaliação dos professores, pois eu concordo plenamente, mas a forma como o governo conduziu este processo foi desastrosa, com sucessivos avanços e recuos e muita arrogância.
A justiça é na verdade o grande fracasso do governo. Falhou em todas as frentes. Desde o mal afamado código de processo penal, que mais parece servir para o Estado poupar dinheiro com as prisões preventivas, o facto de os tribunais necessitarem de uma reforma urgente ao nível da segurança, com sucessivos casos documentados e o governo nada fazer, e por fim a lentidão continuar a ser a regra mor na justiça.
Por fim, e para fazer um apanhado geral das piores situações, temos de referir a agricultura. Creio que este deve ser o pior ministro da agricultura que passou por algum governo. Não age, não fala com os agricultores, atrasou em dois anos o PRODER (Programa de desenvolvimento rural), fazendo apenas continência aos burocratas de Bruxelas.
Estas são as três áreas onde o governo falhou em tudo, mas existem outras em que o governo claudicou, como no combate ao desemprego e à desertificação e na área da cultura.
Fazendo uma análise mais individualizada, na minha opinião, os ministros com nota positiva foram a Ministra da Saúde Ana Jorge e o Ministro dos Negócios estrangeiros Luís Amado. Com nota negativo estiveram sem margem para dúvidas, a Ministra da educação Maria Lurdes Rodrigues e o ministro da agricultura Jaime Silva.
Como estamos a falar do Estado da nação, não podemos só comentar a actuação do governo, temos também de referir outros actores políticos.
Não posso deixar de censurar a actuação de alguns sindicatos. Sem individualizar, não é aceitável que algumas centrais sindicais defendam os interesses partidários, ou funcionem como contra poder. Os sindicatos são uma instituição importantíssima, com origem no século XVIII, e tem de servir fundamentalmente os interesses dos trabalhadores que representam, mas com um certo sentido de racionalidade e projecção de futuro em relação ao país. Não podemos esquecer que o termo “sindicato” deriva do grego “sundikos”, que queria dizer advogado. Ora bem, hoje em dia os sindicatos têm de ser primordialmente advogados dos trabalhadores que representam e não de interesses de algum partido ou ideologia.
Por fim, quero comentar a nossa oposição. Do lado da extrema-esquerda temos mais do mesmo. Propostas algo utópicas mas com um certo ascendente devido á crise. O PSD nestes quatro anos de oposição, embora possa ter algumas propostas positivas, passou maior parte do tempo a querer fazer algum oportunismo político, esquecendo-se, muitas vezes, de apresentar as suas propostas. O CDS, embora por vezes com alguma demagogia, creio que foi a melhor oposição que o país teve. Embora eu não seja apoiante do CDS, esta é a minha análise política. Creio que Paulo Portas tem dado alguma seriedade ao partido.

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