quarta-feira, 17 de junho de 2009

Eleições europeias

Como não poderia deixar de ser, tenho de comentar o resultado das eleições europeias.
Confesso que não estava á espera do PSD ganhar, acho que as sondagens nunca se enganaram tanto como nestas eleições.
Quanto aos vencedores, ao contrário do que muita gente comenta, penso que foi uma grande vitória do PSD. Por múltiplas razões. Não nos podemos esquecer que o PSD deixou se ser governo da forma que se viu, saiu muita mal na imagem, desde aí nunca mais teve estabilidade, com constante oposição interna e mudanças de liderança. Muitos já previam o desmoronar do partido de Sá Carneiro, com a consequência de deixar de ser uma alternativa de governo. Mas enganaram-se. O PSD, devido á grande prestação de Rangel, à estabilidade obtida por Manuela Ferreira Leite e ao fracasso de muitas políticas do governo PS, ganhou as eleições ainda com uma margem considerável. Veremos se chega para as legislativas, onde muito voto útil vai surgir.
Quanto ao segundo vencedor da noite, o Bloco de Esquerda, não foi uma surpresa, tem criado muita simpatia nalgum eleitorado mais á esquerda dentro do PS e que está desiludido com o governo. Não sendo, na verdade, votos “ideológicos”, veremos como vai reagir o BE à captação deste novo eleitorado.
Outro vencedor, embora em menor escala, foi o CDS. Não é só o facto de ter ganho ás empresas de sondagens, essas punham o partido quase residual, mas também o facto de Nuno Melo (um bom candidato, sem dúvida) ter conseguido juntado muito do seu eleitorado e muitos outros votos que, quase de certeza, votaram pela primeira vez no partido, muito por culpa deste candidato.
No que diz respeito à CDU, esta está como que num “limbo”, podemos dizer que tem um sabor bem amargo de vitória. É verdade que teve o seu melhor resultado dos últimos 15 anos, mas foi ultrapassado pelo BE, e não podemos esquecer que conquistou pouco eleitorado em terras hostis, continuando a sua fortaleza eleitoral a ser o Alentejo.
Quanto ao derrotado da noite, o PS, creio que foi um sinal claro que os portugueses estão fartos de algumas das suas políticas. Apesar de alguns méritos, as pastas essenciais continuam a ser mal governadas, nomeadamente, a justiça, educação e cultura.
Outra nota importante destas eleições, é ainda maior viragem à direita na Europa. A verdade é que quase todos os governos socialistas foram punidos, enquanto os governos de direito não. É curioso este resultado, numa altura em que muitos afirmam que a esquerda é que tem a solução para a crise. Quem sabe se os povos europeus estão a dar um sinal que já estão fartos de certas políticas do passado, em que reinava a burocracia e a “engorda” do estado.
Por último, queria só referir a minha desilusão quanto á taxa de abstenção. A verdade é que os portugueses (e os europeus em geral) continuam sem entender o quão importante é o Parlamento Europeu na condução das nossas vidas, mas diga-se, em jeito de crítica, que muita da falta de informação se deve á ausência de debates profundos acerca do papel desta instituição. A verdade é que ninguém nasce ensinado, a informação pública deve ter um papel importante neste aspecto.

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