Venho hoje escrever sobre um homem que marcou a minha vida, sobretudo do ponto de vista literário, mas não só,há coisas em que vai muito para além disso.
Primeiro não o compreendi, confesso que peguei no primeiro livro dele porque parecia estar na moda ler o Lobo Antunes e lá fui eu, com a carneirada (detesto esta expressão),e não segui o bom e velho conselho dos ingleses de não avaliar um livro pelas capas... Bem quem ler o texto até aqui há-de pensar que isto é um manifesto anti-L.A., mas engana-se caro leitor(se é que haverá algum leitor), engana-se, porque de facto o meu primeiro contacto com este monstro da escrita em Portugal foi um tanto obtuso, é verdade, por falta de comunicação, eu ainda não tinha percebido o autor, ainda não tinha sido contagiada pela sua doença. Porque quem lê e percebe realmente um livro do Lobo Antunes tem de estar doente,ou pelo menos tem de entender a doença do autor; começar um livro deste senhor é como começar a ter febre,que aumenta à medida que se avança na leitura e que pode chegar a casos graves(e é quando dá mais gozo!),casos em se tem alucinações que se notam bem na repetição intensa das frases,uma e outra vez,para que fiquem bem marteladas na nossa cabeça,para que não seja ele o único a sofrer a dor brutal que é pôr aquilo tudo cá para fora,e andar a arrastar os dias e a perguntar à sorte quantos é que faltam para que aquele parto interminável cesse de uma vez.Sim, porque ninguém escolhe ser escritor,já se nasce escritor,não se tira nenhum curso e não há melhor professor que a própria vida.
Tudo isto ficou muito mais claro depois de ler as Cartas da Guerra, mergulhar no mais profundo e íntimo da vida do autor ajudou-me a perceber tudo o que significam para ele os seus livros,bem como o longo caminho que teve de percorrer para chegar onde está.Não só como escritor, também como homem. Não gosta de dar entrevistas?Percebo perfeitamente, está tudo nos livros! São auto-retratos feitos "sob o manto diáfano da fantasia"....
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
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