O que têm em comum a despenalização do aborto e o casamento dos homossexuais?o novo estatuto político-administrativo dos açores e a eutanásia?aparentemente nada,no entanto,torna-se aqui necessário fazer um exercicio de interpretação,bastante interessante por sinal.
Ora vejamos:temos um país em crise, uma taxa de desemprego crescente,descontentamento,desânimo,cartas rogatórias inglesas,tios que queimam sobrinhos na praça pública,numa demonstração de folhetim mexicano que ultrapassa os limites da ficcção de má qualidade,género fotonovela de jornal gratutio... .Qual a relação entre estes dois conjuntos de factos que nada têm aparentemente em comum?É fácil,uma simples relação de causa-efeito ou solução-problema,não será difícil ao comum dos mortais reconhecer a forma pouco inteligente como o nosso executivo tem feito frente aos problemas do país,fugindo ao confronto directo com sindicatos ou com a oposição(a pouca que ainda existe),e opondo a cada nova adversidade uma nova panaceia que faça o Zé Povinho sonhar durante mais uns tempos e esqueçer que afinal até está desempregado,a prestação da casa não pára de subir e que os filhos não têm aulas porque os professores estão permanentemente em greve.
Aposto que José Sócrates é fã de Eça e que preferiu claramente à Anita ou aos livros do Calvin,as dissertações de Zola ou Balzac,porquê?Porque qualquer destes autors tem uma galeria de personagens que usa recorrentemente nos seus romances:a mulher adúltera,a viúva alegre,a criada ambiciosa..Sócrates funciona do mesmo modo,o país está em crise?vamos fazer um novo aeroporto.Há polémica sobre o caso freeport?vamos relançar a discussão sobre a eutanásia.É exactamente o mesmo método;temos um conjunto de medidas populistas/pouco úteis;na maioria da casos,que são relançadas de cada vez que é preciso resolver algum problema no país.Assim qualquer um pode ser Primeiro-Ministro,mesmo sem fazer inglês técnico.... Resta saber se Eça terá construído alguma personagem que caracterize governantes incompetentes.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
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1 comentário:
Pois, realmente antes de Eça esse método já exisitia. E antes do Socrates também. É recorrente na política portuguesa e basta leres jornais para veres isso, que aqui dizes, dito mil e uma vezes. Para além de que a comparação com o método socrático não é a mais adequada...Alias, o problema não é o facto de ela ser utilizada, mas é sim o controlo estatal, nomeadamente por vertentes burocráticas, que o concede. O que socrates faz, muitos fazem, mas poucos têm as teias para o manter.
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