sábado, 28 de fevereiro de 2009

O fim dos sonhos

Depois de mais uma semana em que se falou muita da crise e as suas consequências geopolíticas, vendo deixar um conselho, para um leitura breve e agradável de um ensaio escrito por Robert Kagan.
Robert Kagan no ensaio mais recente que dá pelo nome “O regresso da história e o fim dos sonhos”, vai alertar para os desafios que as democracias liberais têm pela frente.
O fim da história proclamado por Fukuyama não se vislumbra, sendo que, Kangan, com a sua concepção realista, faz um retrato exacto de como é hoje a geopolítca mundial e faz previsões, alertando as democracias para os facto de terem de ser elas a querer moldar o futuro e não deixar que outros o façam.
O escrito tem várias partes, sendo que algumas delas são dedicadas ás chamadas “potências regionais”, como a Rússia, Irão, China. Índia e Japão.
Concordo com muitas das análises feitas por Kagan. Na verdade, depois da queda do comunismo houve uma certa ilusão nas democracias liberais que todos os países mais cedo ou mais tarde iriam convergir para as suas ideias. Mas enganaram-se. Como Kagan refere “o nacionalismo de grande potência” regressou. A Rússia e a china são uns dos exemplos. A verdade é que a Rússia não ambiciona um regresso ao comunismo, “no fundo eles anseiam, pelos tempos em que a Rússia era respeitada pelos outros e capaz de influenciar o mundo e salvaguardar os interesses do país”. Quanto á outra autocracia, a China, cada vez mais comporta-se como uma potência sedenta de reconhecimento e ferida no seu orgulho por o Ocidente estar sempre a apontar-lhes o dedo na questão dos direitos humanos e a apoiar Taiwan. Como refere o livro “a economia chinesa em boom não se limitou a envolver a China no mundo. Deu ao povo chinês e à sua liderança uma nova confiança, um novo orgulho e um sentimento nada desrazoável que o futuro lhes pertence”.
Kagan fala também do Japão e Índia, que apesar de serem neste momento pró ocidentais, a sua ascensão vai colidir com muitos outros desejos de poder na região, ainda mais para o facto de várias países deterem ou estarem a fazer para ter armas nucleares.
Quanto ao Irão ele também “se encaixa no velho modelo de ambição nacional”. Embora com menos pretensões que a Rússia e a China, o Irão pretende ser uma potência regional, sentindo-se cada vez mais ameaçada por ter á porta diversos governos árabes sunitas, e para o facto de os Estados Unidos (“o grande Satã”) interferirem no seu programa nuclear.
Dos EUA, Robert Kagan, faz algumas criticas à política externa feita por eles, sendo que muitas delas estou de acordo. Os EUA, sentindo que tem superioridade moral no mundo, muitas vezes intervêm quando não o deviam fazer e outras não o fazem, quando o deviam.
Como não podia deixar de ser, existe ainda a referencia ao Islamismo radical. Mas neste aspecto, o ensaio é contundente. Diz que o conflito entre o Ocidente e o Islão radical é o outro grande conflito do sistema internacional, mas a certa altura diz, e penso que com razão, de que “trata-se, no entanto, de um combate solitário e (…) desesperado, porque na luta entre o tradicionalismo e a modernidade, a tradição não pode vencer - mesmo que as forças tradicionais, possuidoras de armas, tecnologias e ideologias modernas possam (…) produzir estragos horrendos”.
Por último, só queria comentar uma sugestão que o autor faz no ensaio. A sugestão, que não é nova, é a de criar uma liga para as democracias (ou um concerto de democracias). Eu não concordo com esta ideia. Em primeiro lugar isto retiraria muita da importância que a ONU tem no panorama mundial, sendo que, embora seja constituída por todo o tipo de países, é, muitas vezes, a única forma de coloca-los a dialogar. Depois, uma liga das democracias vinha agravar certas relações entre países, pois, muitos dos que ficassem de fora iam sentir-se ostracizados. Finalmente, uma organização deste tipo podia ter o efeito de transformar o mundo novamente em dois blocos inimigos, o bloco das democracias, e outro composto por autocracias, teocracias e/ou outros países anti ocidente.
A referência que eu fiz ao ensaio foi breve, somente para dar uma sugestão, pelo que aqui fica o conselho de leitura para quem gosta de geopolítica e relações internacionais.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Lembrando Darwin (1809-1882)

"O homem ainda traz na sua estrutura física a marca indelével da sua origem primitiva"

Charles Darwin fazia hoje 200 anos se fosse vivo.
A razão de ser do escrito acerca deste homem deve-se á grande curiosidade e admiração que eu tenho por ele.
Darwin for um naturalista britânico, a sua obra acerca da evolução, que segundo ele, dá-se através da selecção natural e sexual, continua intocável.
O seu livro de 1859 “A origem das espécies” ainda hoje continua a ser admirado e a gerar controvérsia.
Para além do grande avanço ao nível da biologia, a obra de Darwin teve repercussões ainda no campo da Teologia e Antropologia, sendo que estes últimos tiveram influência na política e nas suas diversas ideologias.
No princípio do século XX estas teorias foram aproveitadas para dar crédito ao racismo e imperialismo, o chamado “Darwinismo Social”, injustamente, pois Darwin nunca acreditou que a sua teoria se aplicava a qualquer governo ou ordem social. O que é certo é que Darwin afirmou que o homem também ele é um animal, sendo descendente dos macacos, o que provocou que a Igreja o contestasse em massa. Em termos antropológicos influenciou a grande dicotomia politica esquerda/direita. Afectou a direita conservadora e religiosa, pois para eles tudo provinha de Deus (até os títulos nobiliárquicos). Afectou também a esquerda, pois esta baseia-se num optimismo antropológico, dizendo que o homem é “bom” por natureza, estando a ser corrompido pelas diversas instituições seculares (família, igreja e estado), o que se fosse verdade dava ao homem um natureza pouco animal, que é um dos pontos que Darwin veio provar.
Por fim deixo uma sugestão de um livro, que é um romance de John Darnton, que combina a verdade com a ficção, dando uma biografia de Darwin em diversas perspectivas, o livro intitula-se "O pecado de Darwin".

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

o método socrático-queirosiano

O que têm em comum a despenalização do aborto e o casamento dos homossexuais?o novo estatuto político-administrativo dos açores e a eutanásia?aparentemente nada,no entanto,torna-se aqui necessário fazer um exercicio de interpretação,bastante interessante por sinal.
Ora vejamos:temos um país em crise, uma taxa de desemprego crescente,descontentamento,desânimo,cartas rogatórias inglesas,tios que queimam sobrinhos na praça pública,numa demonstração de folhetim mexicano que ultrapassa os limites da ficcção de má qualidade,género fotonovela de jornal gratutio... .Qual a relação entre estes dois conjuntos de factos que nada têm aparentemente em comum?É fácil,uma simples relação de causa-efeito ou solução-problema,não será difícil ao comum dos mortais reconhecer a forma pouco inteligente como o nosso executivo tem feito frente aos problemas do país,fugindo ao confronto directo com sindicatos ou com a oposição(a pouca que ainda existe),e opondo a cada nova adversidade uma nova panaceia que faça o Zé Povinho sonhar durante mais uns tempos e esqueçer que afinal até está desempregado,a prestação da casa não pára de subir e que os filhos não têm aulas porque os professores estão permanentemente em greve.

Aposto que José Sócrates é fã de Eça e que preferiu claramente à Anita ou aos livros do Calvin,as dissertações de Zola ou Balzac,porquê?Porque qualquer destes autors tem uma galeria de personagens que usa recorrentemente nos seus romances:a mulher adúltera,a viúva alegre,a criada ambiciosa..Sócrates funciona do mesmo modo,o país está em crise?vamos fazer um novo aeroporto.Há polémica sobre o caso freeport?vamos relançar a discussão sobre a eutanásia.É exactamente o mesmo método;temos um conjunto de medidas populistas/pouco úteis;na maioria da casos,que são relançadas de cada vez que é preciso resolver algum problema no país.Assim qualquer um pode ser Primeiro-Ministro,mesmo sem fazer inglês técnico.... Resta saber se Eça terá construído alguma personagem que caracterize governantes incompetentes.

www.adoptaunsecuestrado.org


“…más allá de las cadenas en su cuello, lo que más le atormenta -tras nueve años dos meses secuestrado - es “la maldad del malo y la indiferencia del bueno”….
Coronel mendieta

Como muchas personas en este planeta, me siento impotente para realizar actos que realmente contribuyan a la consecución de un mundo más justo, con menos desigualdad, y sin actos tan atroces como el secuestro.
Después de muchos años de búsqueda de alternativas para dejar de ser una de las miles de personas que se suman a la “indiferencia del bueno”, encontré una iniciativa digna de admiración. Se trata de adopta un secuestrado, proyecto que tiene como finalidad empoderarnos del drama que viven cerca de 1900 colombianos que se encuentran en cautiverio, mediante la adopción de uno de ellos con el objetivo de luchar por su libertad.

La invitación está abierta a todas aquellas personas que quieran contribuir en la búsqueda de la liberación de uno de los miles de secuestrados en Colombia, alzando su voz de protesta, enviando mensajes radiales a su secuestrado adoptivo (único contacto con el mundo exterior de los secuestrados, ya que se les permite escuchar la radio y por tanto los mensajes son su principal fuerza para seguir adelante), y realizando todas aquellas acciones que pacíficamente busquen alcanzar a este noble fin.

En el sitio web http://www.adoptaunsecuestrado.org/ encontrará un formulario que le permitirá manifestar su decisión de adoptar una persona secuestrada.

Sean todos bienvenidos en la lucha por la libertad!

*Como muitas pessoas neste planeta, cheio de injustiças, desigualdades e actos bárbaros, sinto-me impotente para realizar actos que realmente contribuam para a realização de um mundo mais justo, com menos desigualdade e sem actos tão atrozes como o sequestro.

Depois de muitos anos em busca de alternativas para deixar de ser uma das muitas pessoas que se resumem á “boa indiferença”, encontrei uma iniciativa digna de admiração. Trata-se de adopta um sequestrado, projecto que tem como finalidade dar nos conta do drama em que vivem cerca de 1900 de colombianos que se encontram em cativeiro, mediante a adopção de um deles, com o objectivo de lutar pela sua liberdade.

O convite é aberto a todas aquelas pessoas que querem contribuir numa tentativa de libertação de um dos milhares de sequestrados na Colômbia, exprimindo a sua voz de protesto, enviando mensagens por rádio ao seu sequestrado adoptivo (este é talvez o contacto mais directo com eles, sendo as mensagens a força que os leva a seguir em frente), e realizando todas aquelas acções que pacificamente tentam alcançar este nobre fim.

Sejam todos bem vindos à luta pela liberdade!