Após a sua independência em 1956, o Sudão viveu duas guerras civis que em 2005 conduziram a um acordo de paz precário. Este país assume uma dimensão equivalente a dez vezes a França e tem sido palco de uma das maiores crises humanitárias do continente Africano. O Darfur é uma das suas regiões fronteiriças com o Chade e o seu nome tornou-se primeira página devido as acusações estrangeiras de genocídio naquela zona do Sudão.
As principais causas deste conflito remetem para problemas étnicos, religiosos e económicos. Primeiramente o legado colonial britânico-egípcio deixou marcas profundas na sociedade sudanesa. Favorecia a elite árabe e marginalizavam os restantes grupos de origem africana, originando discrepâncias que prevalecem até aos nossos dias. Por outro, estas distinções étnicas culminam com as respectivas diferenças religiosas, linguísticas e culturais. Parte da população vive da economia agrícola e assume-se sedentária enquanto que outra fracção é nómada. Os seus legados culturais levam a que os seus interesses económicos e territoriais entrem em constante conflito. Por fim põe se também a questão da partilha dos ganhos do petróleo nas diferentes regiões do país.
Devido à desigualdade social e insatisfação política perante o governo central de Cartum, a capital sudanesa, originaram-se diversos grupos rebeldes.
Em 2003, dois grupos formados essencialmente por africanos de Darfur – a Sudanese Liberation Army e a Justice and Equality Movement- levaram a cabo diversos ataques a alvos governamentais no norte da região. Exigem equidade entre africanos e árabes, acusando também o governo de negligenciar a região do Darfur. O governo de Cartum, maioritariamente árabe, presidido por Omar Hassan al-Bashir, respondeu com bombardeamentos a vilas, atingindo inclusive mesquitas, apesar de tanto o Governo como estes rebeldes serem muçulmanos.
Cartum iniciou assim a formação de uma milícia: recrutando árabes, na sua maioria nómadas, que ficaram conhecidos por Janjaweed. Os Janjaweed atacam frequentemente aldeias na zona do Darfur. Movidos também por interesses territoriais próprios, antagónicos aos das tribos africanas sedentárias.
Hoje em dia o Governo de Cartum diz não ter qualquer tipo de controlo sobre esta milícia. Para muitos, os massacres cometidos por este grupo poderão ser designados de genocídio, no entanto não existe consenso nesta matéria.
Darfur foi e ainda é o principal palco de acção do conflito interno. Milhares de civis vivem em campos de refugiados e muitos deles escolheram a fuga para o país vizinho: a República do Chade. Ameaçados pelas más condições de vida e decrescentes relações diplomáticas entre o Chade e o Sudão, no entanto permanece o receio de abandonar os campos de refugiados devido aos constantes ataques dos Janjaweed.
Anualmente o relatório dos médicos sem fronteiras providencia informações importantes sobre a situação humanitária deste país. Visto que os meios de comunicação nem sempre valorizaram a informatização sobre o conflito, este relatório é então uma fonte alternativa.
por Cláudia Kover
http://www.msf.org/msfinternational/invoke.cfm?objectid=C7EB7B2D-15C5-F00A-25760D0B9393EE43&component=toolkit.report&method=full_html
quarta-feira, 2 de julho de 2008
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